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Hospital Roberto Santos promove visitas virtuais para pacientes em UTIs

Foto: Divulgação/SESAB

Internada há cerca de um mês na unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), Ana Maria de Jesus, de 60 anos, arregalou os olhos e esboçou o movimento de um beijo pela primeira vez, desde a admissão hospitalar, na última segunda-feira, 4, após receber uma videochamada da filha e da neta. A paciente, que chegou desacordada, com suspeita de intoxicação, apresentou melhora, e conseguiu superar até mesmo uma parada cardíaca, graças, especialmente, ao contato virtual com a família.

Mas dona Ana Maria não foi a única a se beneficiar das chamadas por vídeo. Isso porque, com a suspensão de visitas nas UTIs do Hospital Roberto Santos devido à pandemia da Covid-19, as equipes de unidades fechadas passaram a se valer dessa ferramenta para confortar os pacientes.

“A gente começou a observar que a distância entre pacientes e familiares era um fator grande de sofrimento e, então, pensamos em formas de atuação para viabilizar esse contato e também acolher as famílias, que ficam tão mobilizadas e inseguras pelo fato de não conseguirem acompanhar de forma presencial a evolução dos quadro clínicos, embora o boletim seja transmitido todos os dias, por via telefônica, pelos médicos”, conta Marina Brito, psicóloga da UTI 2 do HGRS, que, conforme relata, notou sinais importantes de ansiedade e sintomas depressivos nos familiares de pacientes internados.

Ela explica que, para realizar a videochamada, é preciso que seja feita avaliação prévia com o paciente, a fim de saber se ele tem condições e se demonstra desejo de manter contato com a família. “Em caso positivo, acionamos a família – que já vem sendo acompanhada de forma virtual desde que o paciente foi admitido na unidade – e, ela se dispondo a esse contato, a gente agenda um horário. Não existe um horário fixo, vai depender da dinâmica daquela família e dos procedimentos aos quais o paciente será submetido ao longo do dia. Esse acordo fazemos com a participação de técnicos e enfermeiros, para que se sintam parte do processo, pois eles também estão abalados com tudo que está acontecendo e se sentem felizes em colaborar”.

Diretor-geral do HGRS, o anestesiologista José Admirço Lima Filho lembra que os pacientes que ficam confinados durante muito tempo em um ambiente hospitalar tendem a desenvolver um quadro de desorientação chamado delirium: “isso, de acordo com diversos estudos, é um fator alto de morbimortalidade. Ou seja, tendem a evoluir para óbito com mais facilidade. Por isso também, é tão importante que seja estimulado o contato com a família, para que eles não desenvolvam delirium”.

A manicure Maria Isabel Ferreira Ping, de 40 anos, não tem dúvidas de que sua mãe, a paciente Ana Maria, “acordou” ao ouvir sua voz. “Os médicos me avisaram que ela tinha acabado de sofrer uma parada cardíaca e eu pedi muito para falar com ela, já que ela não reagia a estímulos e não podia fazer a solicitação. Abriram, então, uma exceção pra mim. Na ligação, eu falava ‘mãe, acorda’ e minha filha, de dois aninhos, também chamava pela avó, quando, de repente, ela se virou, abriu bem os olhos e mandou um beijo para nós. Eu chorei de tanta felicidade. Tenho certeza de que ela estava sentindo minha falta, somos muito ligadas. Ela, agora, só vai melhorar”, profetiza.

Histórias bonitas estão presentes em todas as unidades de terapia intensiva do HGRS. Na UTI geral, por exemplo, a psicóloga Márcia Monteiro lembra de um caso que lhe chamou atenção. “Tem um paciente nosso que estava um pouco desorientado, naquela oscilação de consciência sobre ele próprio ou onde ele estava, e eu fui perguntando coisas simples a ele, mas ele falhava nas respostas, principalmente em relação à família. Logo em seguida, fizemos uma videochamada com a esposa dele e, quando mostrei o celular a ele, imediatamente, sem que precisássemos perguntar nada, ele a viu e falou o nome dela. Então, a gente acredita que a visita virtual pode até ajudar a organizar as ideias. Há casos, ainda, em que a família colabora para a preparação do paciente que se recusa a passar por uma cirurgia complicada como a de amputação”, avalia.

Andreia Silva, psicóloga da UTI cirúrgica, acrescenta um outro aspecto benéfico das videochamadas. “Tem paciente que se entrega, não quer realizar fisioterapia, não quer colaborar com o tratamento, e é justamente a presença, mesmo que virtual, da família que o faz mudar de ideia”, conta ela, que acrescenta: “nós temos, também, familiares que são da zona rural, com dificuldade de sinal de internet. Para esses, oferecemos a alternativa de deixarem vídeos gravados e os resultados são igualmente positivos”.

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