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Embaixadas evitam ‘desgaste político’ pedindo que cidadãos deixem o Brasil, diz analista

Diversos países estão emitindo alertas para que seus cidadãos deixem o Brasil devido ao avanço da pandemia da COVID-19. A Sputnik Brasil ouviu um cientista político que explicou quais são as razões que guiam a diplomacia em situações como essa.

As representações diplomáticas de diversos países têm emitido comunicados aos seus cidadãos no Brasil para que deixem o país. É o caso de embaixadas como a dos Estados Unidos, da Alemanha e da França.  No domingo (12), a embaixada da Itália no Brasil também emitiu um comunicado aos seus cidadãos pedindo que deixem o país “o mais rápido possível” devido ao avanço dos casos no novo coronavírus.

À Sputnik Brasil, a embaixada italiana afirmou que mantém um serviço de atualização regular da situação da pandemia através de seu site, reforçando que as informações relevantes estão presentes no comunicado emitido aos cidadãos italianos residentes na Itália que estão no Brasil.

Orientação das embaixadas é ‘técnica’ e evita ‘desgaste’ Para Arnaldo Francisco Cardoso, cientista político, professor e pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, as recomendações das embaixadas são “essencialmente técnicas” e cumprem um dever dos países com seus cidadãos.

“O cuidado com a vida de seus cidadãos é dever de todos os governos e as atuais dificuldades logísticas para uma repatriação de cidadãos tornaram essas operações muito complicadas e onerosas”, afirma Cardoso em entrevista à Sputnik Brasil.

O professor explica que as embaixadas alertam seus cidadãos de que são responsáveis pelo regresso aos países, mas aponta que o esforço diplomático busca evitar desgastes.

“O desgaste político para governos seria muito grande em eventuais situações em que seus cidadãos se sintam abandonados e em situação de grave risco”, diz. Cardoso afirma, porém, que o agravamento da pandemia da COVID-19 no Brasil justifica ainda mais essa preocupação.

“O rápido avanço no número de casos no Brasil e a já alta taxa registrada de letalidade justificam as preocupações. O próprio Ministro da Saúde do Brasil [Luiz Henrique Mandetta] já apontou que, em função da população do país ser mais de três vezes a de países como Itália e Espanha, é possível prever que os números da pandemia no Brasil serão elevadíssimos”, alerta.

O cientista político também entende que o papel de alertar os cidadãos cabe aos Estados, uma vez que órgãos multilaterais como a Organização das Nações Unidas (ONU) não têm essa prerrogativa.

“Pelo o que temos observado do próprio caso brasileiro, divergências entre autoridades médicas sanitárias, nacionais e internacionais e autoridades políticas já tem provocado tensões nessas relações. Se a ONU assumisse papel de maior protagonismo seria acusada de invasão de soberania podendo gerar mais confusão que benefícios”, avalia. Cooperação global é o melhor caminho, diz pesquisador.

O analista, que relata manter contato profissional com pessoas na Itália e Alemanha e também outros países, como França e Estados Unidos, destaca a necessidade de cooperação internacional.  “Nessa direção é válido observar as atuais ações da China em socorro à Itália, país castigado pela pandemia e que se queixa da falta de cooperação em âmbitos como o da própria União Europeia”, aponta. Para Cardoso, a situação imposta pela pandemia evidencia a necessidade de maior integração global.

“Uma das lições que espero que essa pandemia deixe para o mundo é a da importância da cooperação internacional. Com um mundo cada vez mais interligado e interdependente os problemas são cada vez mais globais e respostas egoístas e unilaterais não correspondem aos desafios do presente e do futuro”, conclui.

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